A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!

Assim que a pessoa entrega sua individualidade para o infinito da realidade de D'us, pode transformar-se numa versão mais pura e mais elevada de si mesma.

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MILAGRES ACONTECEM

por M. Brushteyn
Ilustrações: М.Gonopol’skij


O que torna Ioni diferente das outras crianças é a dúvida. Ele só acredita nas coisas que ele pode tocar ou ver ou provar. Por isso era difícil para ele acreditar que América foi fundada ou que o globo terrestre é redondo.
Em especial, achou divertidas as conversas sobre o mago que mora num jardim mágico no limite da cidade, e que realiza os desejos de todos, até mesmo os mais caros.
“Prestidigitadores, esses são uma coisa a parte”, Ioni diria. “Eles podem tirar do chapéu coelhos e pombos e fazê-los desaparecer numa caixa e de repente aparecerem novamente. Eu até conheço um prestidigitador esperto que aprendeu a voar para o teto. Porém os prestidigitadores não escondem o fato que as prestidigitações que fazem são um trabalho com os olhos e a rapidez das mãos.”.
“E os magos?”, isso sempre divertiu Ioni.
“Eles não existem”, ele diz. “Eles vêm de fábulas! E de qualquer maneira que magos podem existir se hoje em dia tem computadores e prestidigitadores?!”
Um dia Ioni voltou para casa de ônibus depois de visitar sua avó doente. Ioni gostava muito de sua avó e nesse dia ele estava preocupado com o estado dela. Seus pais lhe disseram que ela não se sentia muito bem e ficou difícil para ela sair de casa.
“É uma pena que não tenha um remédio mágico que possa curar a minha avó boazinha”,pensou Ioni.

“Mas não existem magos no mundo, eu sei disso”.
Ioni estava mergulhado em seus pensamentos, e não prestou atenção que o ônibus havia chegado a um lugar desconhecido. Ioni entendeu que ele não havia descido na parada onde devia e saltou rapidamente antes que as portas do ônibus se fechassem. Quando ele desceu do ônibus ele viu uma cerca não muito alta, feita de pedra e recoberta de folhas brilhantes. O ar estava cheio de cheiros agradáveis que ele desconhecia.
“É exatamente assim que descrevem o jardim onde está sentado o mago de quem falam as pessoas” se lembrou Ioni. “Eu preciso averiguar o que tem aí dentro”, e ele empurrou com determinação o portão de ferro.
O jardim que ele descobriu era realmente maravilhosamente bonito. Exatamente como lhe haviam contado.
“Nunca tinha visto antes árvores e plantas tão diferentes!” Ele pensou.

E de repente, longe dentro do jardim, ele viu um velho com uma barba branca sentado confortavelmente num banco lendo um livro.
Ioni se encheu de coragem e se aproximou do velho estranho.
“Você é o mago?”
“Sim e não”, disse o velho e posou o livro do lado.
Parecia que ele esperava já alguns anos que Ioni fizesse essa pergunta.
“Como será que isso é possível?”
“Eu faço milagres, mas só... pela metade”.
“Pela metade...?”, repetiu Ioni. O velho acariciou a sua barba e sorriu.
“O negócio é que o meu poder de mágica só funciona durante uma época específica. Enquanto as pessoas se lembrarem de que eu os ajudei, a mágica funciona. Mas no momento que eles se esquecem de quem fez a mágica, ele desaparece e eles voltam a viver como antes. Infelizmente eles esquecem muito rapidamente e ficam de mãos vazias”.

“Eu não tenho certeza de ter entendido direito”, confessou Ioni.
“Vou lhe dar um exemplo”, disse o velho. Quando você pede para sua mãe comprar uma bola de futebol, enquanto você não recebe a bola você se lembra de sua mãe, não é verdade?”
“Sim”, concordou Ioni.
Mas quando você começa a jogar futebol com seus amigos, você se esquece de sua mãe e só pensa em como marcar um gol”. Não é verdade?”
“Exatamente assim acontece com minhas mágicas. Apesar de todos os desejos, bons e essenciais, se realizarem graças às minhas mágicas, as pessoas esquecem rapidamente que isso é mágica e que existe um mágico que lhes fez isso. E então tudo desaparece”.
“Aha... agora eu entendi”, disse Ioni. “... Eu também posso expressar desejos?”
“Certamente”, sorriu o velho. “Quando você decidir sobre seu desejo, diga as palavras mágicas: “Milagres acontecem”, e imediatamente seu desejo se realizará!”
“Obrigado velho simpático!” Ioni despediu-se dele com alegria.

No caminho para casa ele pensou: “Eu quero que a minha avó se cure! Mas se eu esquecer que foi o mago quem fez isso, aí vovó ficará doente novamente... não, isso então não vai funcionar – Talvez uma bicicleta? Mas se eu começar a viajar e esqueço que foi uma mágica – a bicicleta desaparecerá. Ouf! O que fazer?” 

Enquanto isso, o ônibus chegou à parada . Ioni se levantou. Havia muita gente em volta dele: crianças e velhos, homens e mulheres. Pessoas com cestos do mercado, e pessoas com bolsas de couro muito caras. Ioni olhou para todos com curiosidade e pensou: “ Cada um deles, com certeza, deve querer alguma coisa ...”
E ele então, entendeu aquilo que deveria pedir.

“Eu quero que as pessoas se lembrem sempre que milagres acontecem e quem os realiza é o mago”, disse Ioni em voz alta e acrescentou as palavras mágicas:” Milagres acontecem!”
Apenas Ioni abriu a porta de sua casa, de repente o telefone tocou. Isso! Era a avó: “Ioni, aconteceu um milagre! Estou curada!”
“Vovó não adoecerá mais” gritou Ioni com alegria e começou a lhe contar sobre o mago que pode realizar todos os desejos... “Apenas é muito importante não esquecê-lo!”
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